António Lopes não se conforma com a falta de respostas do presidente da autarquia José Carlos Alexandrino sobre algumas das questões que lhe colocou na última Assembleia Municipal(AM). Uma delas tinha a ver com o facto de este, alegadamente, ter desligado o telefone na cara do empresário Joaquim Marques, quando este lhe falou na possibilidade de António Lopes encabeçar uma lista à direcção da AD Nogueirense. O autarca, porém, não respondeu a esta e a outras perguntas do ex-presidente da AM, limitando-se a referir que não estava “ali para discutir entrevistas ou assuntos pessoais”. Não aceitou o desafio, por exemplo, para apontar ali quem diz andar a ajudar financeiramente o empresário, como optou por não explicar se tinha ou não tido interferência num assunto que segundo António Lopes privou o Nogueirense “em 100 mil euros por ano”. Estes números seriam, eventualmente, o montante que empresário estaria disposto a conceder ao emblema.
O agora presidente do clube, Joaquim Marques, que na altura convidou António Lopes para encabeçar uma lista concorrente à liderança do clube, contactado pelo CBS preferiu não fazer comentários sobre o assunto. Estranhou mesmo que o caso tenha voltado a ser falado, uma vez que entende que está mais que ultrapassado. “O assunto estava encerrado e desconheço em absoluto o que se passou posteriormente”, explicou o dirigente, recusando-se a fazer qualquer outro tipo de declarações.
António Lopes, porém, considera que José Carlos Alexandrino tinha obrigação de esclarecer ali a sua interferência num caso que não lhe dizia respeito. “O que posso dizer é que Joaquim Marques me convidou para ser presidente e eu lhe disse que não era boa ideia. Por várias razões. Porque não tinha tempo, porque vivo afastado e não podia acompanhar devidamente a vida do clube. Além disso, alertei que o convite poderia trazer alguns problemas e que seria melhor falar com o presidente da Câmara”, explica António Lopes, adiantando que na base do convite provavelmente estaria o apoio financeiro que ele iria injectar na colectividade, permitindo-lhe atingir outros objectivos. “Já quando estive no Covilhã dei uma média de 100 mil para o clube por ano”, explica ainda o empresário. “Só espero é que a Câmara tenha compensado o Nogueirense por este caso”, rematou António Lopes.
Ao que o CBS apurou, junto de fonte próxima do processo, o presidente terá reagido mal. Desligando mesmo o telefone na cara do empresário. Mais tarde ter-se-á justificado, alegando que não tinha desligado, mas que teria sido a chamada que caiu. A partir desse momento foi encontrada outra solução. Com o próprio Joaquim Marques a assumir a presidência. “Foi um episódio extremamente desagradável, aquilo que aconteceu. O clube poderia ter conseguido o apoio de mais um empresário e por divergências políticas acabou por ser afastado”, sublinha a mesma fonte que preferiu manter o anonimato.
Na altura, em Julho, recorde-se, Joaquim Marques referiu que fez o convite, porém, depois de tirar um parecer, apercebeu-se de “divergências políticas”. “Para mim a política não conta e a instituição Nogueirense não tem nada a ver com política, nem politiquices… mas não quero ver ninguém indisposto”, explicou, na altura, adiantando que desafiou António Lopes para liderar uma lista pelo simples facto de ser sócio e vice-presidente do clube, recusando-se, contudo, a identificar quem terá ficado “indisposto” com tal convite. Mas, segundo garantiram ao CBS, a ideia terá caído depois do contacto com José Carlos Alexandrino. O autarca, no entanto, rejeitou, na altura, a acusação, alegando que nem era sócio do clube. Confrontado agora novamente com esta questão por António Lopes remeteu-se ao silêncio.