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“A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital mais valia colocar umas portas e fechar Vale do Ferro”

“A Câmara mais valia colocar umas portas e fechar definitivamente o Vale do Ferro. Temos tão pouco e mesmo esse pouco é-nos retirado. Não entendo a postura da Câmara Municipal. Nós pagamos taxas e impostos como os outros”. O desabafo é de Herman Mertens, que não se conforma com a última atitude da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital de desligar alguns dos poucos postes de iluminação pública em Vale do Ferro. Uma aldeia que conta com uma moderna galeria de arte, Pátio-Velho, que tem uma vasta actividade cultural durante a Primavera e Verão, e uma casa de turismo rural com capacidade para oito pessoas. Mas nada disto recebe a mínima atenção da autarquia. “Só procuram retirar o pouco que temos”, diz.

A última acção da autarquia deixou ainda mais triste Vale do Ferro. Mais escuro, com a iluminação pública reduzida quase a metade, ao ponto de os moradores que por lá vivem sentirem algum receio. “Quando vou da galeria para a minha casa, sei que é perigoso, não há iluminação. Querem poupar 60 mil euros, mas que diferença fazem estas três lâmpadas num local tão isolado e por isso tão necessárias”, observa Herman Mertens que viu o concelho vizinho de Tábua apostar na tecnologia LED, para poupar a longo prazo. “Lá investiu-se. Em Oliveira não entendo, parece que a roda é quadrada, não é redonda. Aqui querem poupar em tudo, menos em festas e rotundas”, acusa com a angústia própria de quem, por mais que faça, não vê forma de ver o seu trabalho ser reconhecido pelas autoridades locais. Continuam sem água, com acessos que nem o carteiro ou o padeiro se atrevem a enfrentar. “Agora ainda nos vieram tirar parte da iluminação, isto é impensável. O que deviam era colocar um poste junto à capela da Nossa Senhora das Necessidades, que é um local lindíssimo. Estamos a perder um potencial incrível em termos turísticos”.

Aldeia de Vale do Ferro renasceu com os estrangeiros, tem uma moderna galeria de arte, mas não possui água nem acessos decentesÀ sua conta, Herman já investiu muitos milhares de euros na recuperação de parte de uma aldeia que parecia perdida. Os outros estrangeiros, que escolheram o local para viver em permanência ou para férias, têm, também, transformado as casas, em ruínas, em habitações de qualidade. Pela galeria passam muitas centenas de visitantes portugueses e estrangeiros, desde belgas, holandeses, ingleses, alemães, franceses ou brasileiros, nos meses em que os acessos permitem que se chegue à aldeia. Mas esta actividade assim como os investimentos não são reconhecidos por quem de direito, lamentam os habitantes. “A Câmara não se interessa pelas pessoas que vivem aqui. São só dois votos. Há mais gente, mas são estrangeiros. Temos muitas promessas, mas em vez de as cumprirem ainda nos deixam mais limitados”, sublinha Mertens, argumentando que tem a galeria e a casa de turismo rural devidamente legalizados e que paga todas as taxas e vistorias. “Mas devido aos maus acessos, só podemos trabalhar praticamente no Verão”, remata.Aldeia de Vale do Ferro renasceu com os estrangeiros, tem uma moderna galeria de arte, mas não possui água nem acessos decentes

O presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital reconheceu em Agosto este problema. Referiu, na altura, que devido aos cortes a que a autarquia foi alvo está impossibilitado de momento de cumprir a promessa de alcatroar os acessos. “Temos noção do valor da galeria e de todo o investimento que estão a realizar lá. Mas estamos a falar de uma obra de alguma envergadura, a qual não temos possibilidades de realizar de momento. Logo que tenhamos condições financeiras será feita”, explicou ao CBS José Carlos Alexandrino. “Foi uma promessa e a obra será feita ainda neste mandato”. Mas, depois desta atitude com a iluminação, Herman está, cada vez mais reticente, quanto à boa vontade da autarquia. “Já ouvimos isso desde 2009. Nada é feito. Temos aqui uma ponte que tem cerca de 30 cm de lama, é impossível transitar. Curiosamente no outro dia fui a um lagar buscar azeite, ao atravessar o rio Cobral vi funcionários da Câmara a tapar pequenos buracos com tout-venant. Nós aqui temos crateras e ninguém se importa”, remata.

Apesar de todas as contrariedades, Herman Mertens já está a trabalhar nas actividades da Galeria Pátio-Velho para a próxima temporada, que deve arrancar pela Páscoa. E, mais uma vez, promete atrair várias actividades culturais nacionais e internacionais àquela que é a única galeria de arte do concelho de Oliveira do Hospital.

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