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À Boleia Autor: André Duarte Feiteira

Jornalismo ou arquivo de futilidades? Autor: André Duarte Feiteira

“Para saberes quem manda em ti basta descobrires quem não estás autorizado a criticar.”

A partir desta frase de Voltaire, tento encontrar a justificação (embora não acredite que a haja) para o jornalismo sectário, irresponsável e inconsequente, que se verifica actualmente nos meios de comunicação local.

O sectarismo é, para qualquer mortal, facilmente detectável nesta espécie de jornalismo. Vamos ser objectivos e racionais, quantas notícias, artigos ou qualquer tipo de prática jornalística, foi publicada nestes meios de comunicação social que, noticiassem ou tecessem comentários depreciativos a algo que envolvesse os órgãos de administração pública local, nomeadamente o executivo Municipal?!Será que durante esta regência, esteve, está ou estará sempre tudo bem, que só louvores sejam anunciados? A ser verdade, ao que parece, temos a sorte de viver na Terra Prometida!

Obviamente que, esta prática sectária é brutalmente irresponsável. Para além de não elucidar e esclarecer os munícipes da realidade Concelhia, faz com que os mesmos mergulhem no retrocesso social, fruto deste jornalismo inconsciente, que sobrevive graças à perpetuação desta prática. Ora, por acaso falta iluminação nos courts municipais de ténis, falta um acesso rodoviário (adequado) para uma aldeia predominantemente habitada por idosos com necessidades de apoio social, falta saneamento numa determinada área…, se nada é publicado, se ninguém se pronuncia e nada é manifestado, então é porque está tudo bem! É com a falta destas informações, que a população mais sai sacrificada, apesar de, também ser por vezes fastidioso, ler sistemática e invariavelmente que está um lindo dia de sol e que os passarinhos já cantam no ar.

Esta pura inconsequência jornalística que teima em se manter por cá, foi, é e será paga por todos nós, para nos afastar do conhecimento dos problemas existentes. Jornalismo que se nega, ao sonegar a devida e necessária informação aos leitores, que também são os munícipes.

Penso, não ser pedir muito, clamar um breve processo deliberativo a todos vós. Sendo constante ouvir-se e sentir-se pelas ruas de Oliveira do Hospital que esta “parou no tempo”, estará tudo bem? É chegado o momento de fazer exames à consciência, de pensar no que queremos para nós enquanto colectivo e não enquanto seres individuais. É também o momento de fazermos opções, de sermos os que contribuem para a cura ou, que ao invés, consentimos que se continue a dar de beber este veneno. Hoje é um mero exercício à mente, no futuro caberá a cada qual a responsabilidade de arcar com as suas escolhas e com a sua consciência.

Era com satisfação que assistia a esse exame de consciência primeiramente levado a cabo pelos jornalistas responsáveis, antes que o povo o fizesse, para bem das pessoas, dos meios de comunicação e acima de tudo pelo respeito para com a profissão que tanto custou a granjear.

Caso não estejam autorizados a criticar e vos seja furtado esse direito, então, como acertadamente ponderou e deliberou Voltaire, já sabem quem manda em vós.

Autor: André Duarte Feiteira

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