Por estes dias, em que o espírito natalício nos recorda os sentimentos mais nobres, temos tendência a procurar o afago da família e a uma maior preocupação com aqueles a quem, contingências várias, privaram de uma vida normal, em termos materiais.
Dentro deste espírito, queremos pensar, decidiu a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, através do seu Pelouro de Solidariedade e Acção Social, vir anunciar alguns apoios aos Munícipes mais carenciados. Até aqui, tudo bem. Tais medidas só podem merecer o nosso aplauso.
A nossa discordância, diria mesmo indignação, é com a forma e o modo e, especialmente, com a substância. Perante comunicados à imprensa, parangonas em tudo o que é meio de divulgação, pensámos: Finalmente, depois de tanta crítica, vamos ter o “TUDO PELAS PESSOAS”! Erro meu. Analisada a substância, concluímos…são esmolas! Trinta a cinquenta euros, conforme o agregado familiar, dá para quê? Dir-me-ão que se compra uma razoável ceia. Admitimos que sim, se forem poucos. Então, porquê a minha indignação?
De há uns tempos a esta parte, são conhecidos os meus desencontros com a governação do Município. Das causas e motivações falarei noutra oportunidade. Dizem os meus adversários actuais, que o que me move é o ressabiamento. Para mim, é a Responsabilidade.
Sou dos que venho fazendo cerrada oposição, progressivamente, desde Janeiro de 2012, por me parecerem exageradas e desproporcionais, uma boa parte das medidas que vêm sendo implementadas. Repugnam-me, profundamente, a irresponsabilidade e a demagogia que, progressivamente, se vai apoderando da nossa vida quotidiana em termos de gestão municipal.
Efectivamente, como se pode classificar aquilo a que vamos assistindo, sempre que a ocasião o proporciona? Como podemos levar a sério um discurso de dificuldades e miserabilismo quando, como temos vindo a denunciar, raiam a escândalo uma parte das medidas tomadas? Como pode um executivo vir anunciar um apoio a carenciados de três mil euros, a distribuir por setenta e cinco famílias, quando gasta numa EXPOH cento e sete mil euros? Como pode um executivo responsável vir dizer que perante a crise vai reduzir as despesas com este evento e, depois, gasta mais 44 258.75 euros que o ano anterior (com Tony Carreira)??? Alguém nos explica como é que as receitas passaram de 86 337.24, em 2013, para 26 899.64, este ano (menos 59 437.00 euros)! Como é isto possível? Que contenção e gestão são estas?
Em 2013, a EXPOH teve um gasto total de 149 999.46 euros e receitas de 86 337.24 euros. Em 2014, o gasto totalizou 134 820.61 e a receita foi apenas de 26 899.64 euros? Este ano teve um prejuízo de 107 920,97 (mais 44 258 75) contra os 63 666 22 euros de 2013.
Quando a Senhora vereadora, Graça Silva, vem dizer, em 30 de Outubro (acta da CMOH, no ponto 2.3.A5), que as despesas foram 45 295.61 e pedir um subsídio de 18 395,97 (que foi aprovado), para cobrir os prejuízos, estava esquecida dos montantes anteriormente aprovados? Toda a Câmara estava com amnésia? Não foi esse o montante publicamente anunciado pelo Senhor Presidente quando foram aprovados 45 mil euros, em protocolo com a ADI, em 17 de Junho, para fazer a feira, (ver acta desse dia)? Como, e porquê, foram aprovados mais 20 mil euros para aquisição de serviços (The Gift) e mais 24 525.00 euros para “aluguer montagem e desmontagem de Stands” (ver acta de 24 de Julho, ponto 2.3.7.e 2.3.8)? Afinal, o que aconteceu ao dinheiro?
Quais 45 mil euros de despesa? Aprovados, em actas da CMOH, estão 107 920.97 euros (ver as actas citadas). Como se explica este descalabro? Como é que aquele que nos veio dizer que era preciso poupar, gasta mais 44 258.75 euros na EXPOH, praticamente o dobro do anunciado! Que moral pode ter quem, perante estes números, vem encher a boca com SOLIDARIEDADE, com AÇÃO SOCIAL e distribuir três mil euros aos carenciados? Esmola ou demagogia? Como podemos nós, ficar indiferentes ? Que pensar de uma quebra de receitas de 69%, 59 437.60 euros, de um ano para o outro? Não estaremos perante um caso de polícia..? Deve um eleito, digno e consciente das suas responsabilidades, ficar calado? Trata-se de Ressabiamento ou trata-se de Responsabilidade..?
Não tenho nada contra as feiras e as festas, não consigo é esquecer a minha juventude e os muitos natais em que não tive prenda porque nem sequer tinha “sapatinho”. O meu compromisso foi: “TUDO PELAS PESSOAS”. Bem pode o Senhor Presidente da Câmara fazer da mensagem de Natal um meio comício…! A realidade, infelizmente é esta, e não é com demagogia que se altera!
Um Bom Natal e um Bom Ano Novo