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Triatleta de Oliveira do Hospital procura lugar no Hawai na prova de sonho dos “homens de ferro”

Filho de pai português e mãe francesa, Rafael Delaunay Gomes nasceu em Genéne, Suíça. Aos sete anos veio para Portugal. Passou a infância em Grândola e estabeleceu-se em Oliveira do Hospital corria o ano de 2008. Sempre mostrou apetência pelo desporto. Praticou karaté, hóquei patins, futebol, natação e ciclismo. Mas rendeu-se ao triatlo e desde segunda-feira está em Lanzerote, Espanha, a preparar a prova que, no sábado, lhe pode dar acesso à competição de sonho de todos os praticantes da modalidade: o IRONMAN do Hawai, considerado campeonato do mundo deste desporto. Este professor de educação física, de 32 anos, confessou ao CBS que o apuramento não será fácil. “Mas julgo que tudo é possível”, concede.

CBS – Como está a correr a preparação para esta prova onde aposta muito?

10456819_746488235419085_7754872332058863476_nRafael Delaunay Gomes – Está a correr muito bem. Vim para Lanzarote na segunda-feira. Anteontem estive a ambientar-me ao local, ao Hotel, no Puerto del Carmen em Lanzarote, onde irá decorrer toda a prova. Analisar nos mapas os percursos da prova. Ainda fiz um treino de natação de 40 minutos e uma corrida de 12 quilómetros para verificar no terreno as dificuldades que irei enfrentar. Ontem de manhã estive a reconhecer a parte inicial do percurso de ciclismo, onde realizei os primeiros 25 km.

CBS – Quais as primeiras impressões do traçado?

Rafael D. Gomes – Esta é uma das provas mais emblemáticas do Circuito Internacional de IRONMAN pelas suas características muito difíceis na parte dos 180 km de bicicleta, com uma escalada de mais de 2500 metros e elevados vendo laterais que dificultam a vida aos triatletas. A minha primeira impressão é que terei que ter uma excelente gestão de esforço na parte da bicicleta por forma a chegar aos 42 quilómetros de corrida folgado, 10407325_1471695879743989_7091871329070990883_npor forma a realizar este ultimo troço muito forte e consistente. Até porque esse é um dos meus pontos fortes.

CBS – Chega a esta prova em boa forma?

Rafael D. Gomes – No passado sábado fiz a minha ultima prova de preparação o Xterra Portugal – Prova Internacional onde estava uma concorrência de elite mundial. Entre eles, o Campeão do Mundo dessa vertente do Triatlo e vários Campeões de outras nacionalidades. Fui o primeiro português e 16º da geral. Penso que é significativo.

CBS – Chegar ao IRONMAN do Hawai, porém, parece estar ao alcance de poucos. Está limitado a 1700 participantes. O que precisa para realizar o sonho?

10538395_820133331338460_887966593204460479_nRafael D. Gomes – Terei de conseguir ficar nos cinco primeiros do meu escalão, dos 30-34 anos de idade. Só nessa faixa estão inscritos mais de 350 atletas. Não vai ser tarefa fácil. Mas julgo que tudo é possível. O Hawaii está limitado a 1700 participantes, mas nesta prova para o meu escalão estão disponíveis cinco vagas. Vou fazer tudo o que houver ao meu alcance para conseguir uma delas. Se não conseguir o apuramento para o Hawaii não vou desistir. Azares acontecem e se não for desta é para a próxima. Se este ano não o conseguir o meu objectivo será focar-me para o IBERMAN 2015 e para o Campeonato Nacional de Triatlo Longo 2015.

CBS – É a primeira vez que tenta o apuramento para a prova rainha da modalidade?

Rafael D. Gomes – Esta é a primeira vez que tento o apuramento para o IRONMAN do Hawaii como atleta amador. Como atleta profissional já tentei em 2012, mas não consegui orçamento suficiente para conseguir realizar as várias provas que são necessárias para conseguir a pontuação mínima. Curiosamente o prémio para o vencedor é de 100 mil euros, mas eu como estou na qualidade de amador se viesse a vencer a prova rafael4não teria qualquer prémio monetário.

CBS – Conseguir patrocínios continua a ser um forte entrave?

Rafael D. Gomes – As empresas não querem patrocinar outras modalidades sem ser o futebol. É pena, porque temos grandes atletas e com elevado potencial que poderiam levar o nome de Portugal ao mais alto nível internacional em várias modalidades. Mas por falta de apoios chegam a desistir dos seus sonhos. Esta prova tem cerca de 1800-1900 participantes. É muito dispendiosa. Ronda um gasto de 2000 euros.

CBS – Não considera o triatlo como um desporto que exige um esforço quase sobre-humano?

Rafael D. Gomes – Não considero nada exigente, nem desumano. Se for realizado com treino adequado é igual a todos os outros desportos. Eu, por exemplo, treino cerca de 8-18 horas por semana, conforme as fases da época e competições delineadas. Repare, Portugal tem cerca de 1500 a 2000 atletas de triatlo. São dados que tem que ser confirmados, mas não há dúvidas que ao longo dos anos tem vindo em crescendo. Uma competição desumana não teria tal aderência.

CBS – Nunca lhe aconteceu sentir-se em enormes dificuldades de saúde devido ao esforço despendido, algo que pudesse ser fatal?

Rafel 2Rafael D. Gomes – Nunca me aconteceu nada disso. Com a experiência que tenho nunca levei o meu corpo ao limite, porque sei das consequências a que pode levar esse tipo de atitude. Temos que fazer tudo com peso e medida. Mas já vi acontecer a colegas meus. Já são 18 anos de triatlo a ver de tudo um pouco.

CBS – Onde treina normalmente?

Rafael D. Gomes – A região de Oliveira do Hospital tem dos locais mais extraordinários para se treinar a corrida e a bicicleta. Não há melhor. Depois utilizo a piscina municipal e, de vez em quando vou a Arganil, para praticar na piscina de 35 metros. Mas a nossa zona tem condições fantásticas para treinar triatlo.

CBS – Um atleta de triatlo pode ser profissional, dedicar-se em exclusivo à modalidade?

Rafael D. Gomes – Com o nível que tenho de triatlo e tendo o historial que tenho, e com os apoios devidos, julgo que seria possível ser profissional de triatlo, sem duvidas. Mas continuo a ser professor de educação física. Não sou profissional. Sou amador desde sempre com muita pena minha. Por mim seria profissional de triatlo até aos 40 anos. O que me falta são apoios e um orçamento mais elevado para poder conseguir ter todo o tempo para treinar e me preparar.

CBS – Mas ainda assim conta com uma camisola recheada de publicidade?

Rafael D. Gomes –Há patrocinadores que me ajudam a manter o sonho. É o caso dos IG – Supermercados (de Oliveira do 10449935_10202694387736692_2904019101194714360_nHospital), JFM – Construções (Oliveira do Hospital), Goldnutrition (marca portuguesa de nutrição desportiva – marca portuguesa) e Cofides Competição (equipamentos desportivos portugueses). Sem eles a minha carreira desportiva não seria nada facilitada. A Câmara Municipal de Oliveira do Hospital apoia-me ao permitir-me o acesso às infra-estruturas. Espero que se conseguir qualificar-me para o Hawai, a autarquia me conceda alguma ajuda, já que vou representar a cidade e vou gastar cerca de 5 mil euros.

CBS – Como lhe surgiu o gosto pelo triatlo?

Rafael D. Gomes – Surgiu em 1997 quando já tinha praticado duas épocas de natação, entre 1994-1995 e uma época de 10498538_746487538752488_2410196678778247029_ociclismo em 1996. Como nesse clube também havia triatlo resolvi experimentar. Comecei e nunca mais parei. Preparei os Jogos Olímpicos na modalidade de triatlo de 2000-2004, integrado no projecto olímpico no centro de alto rendimento no Jamor. Tirei o meu Curso na Faculdade Motricidade Humana. Em 2008 vim viver para a zona de Oliveira do Hospital, onde casei e fiquei.

CBS – Agora procura incentivar os jovens em onde estabeleceu uma escola. Como está a correr esse seu projecto?

Rafael D. Gomes – Tenho neste momento já cerca de 12 atletas em actividade no clube. O que é muito bom para um primeiro ano de existência e sendo uma modalidade desconhecida. Precisa de ser divulgada. Os atletas para se poderem se inscrever na minha escola basta contactar-me através do meu numero de telefone que é o 964657863 ou então vir ter connosco aos treinos às 3ª e 6ª no Pavilhão da Escola Secundária, das 17h15 às 18h30. Acredito que se experimentarem vão gostar. O triatlo é um desporto divertido e que consegues fazer três modalidades numa só wink emoticon.

CBS – Os jovens têm mostrado potencial?

Rafael D. Gomes – Têm sempre potencial desde que sejam bem treinados e preparados, com objectivos realistas e coerentes.

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